Curiosidade

CONHECENDO A OUTRA FACE DE D.PEDRO I

D.Pedro I , diferente de seu filho e de seu pai, era mais inclinado às artes físicas do que as intelectuais. Segundo Calmon, era exímio mecânico, pedreiro, carpinteiro, torneiro e marceneiro; além disto era versado no inglês, francês, alemão e latim, possuindo também grande paixão e desenvoltura na música e na composição.

D. Pedro revelou-se um sujeito frenético e efusivo. Segundo a historiadora Isabel Lustosa, D. Pedro era “possivelmente, o que hoje os médicos diagnosticam como uma pessoa hiperativa. Vivia em permanente movimento, não sabia o que era sossego, repouso, tédio e também não conhecia fadiga.”

Essa hiperatividade pode ser notada em outra descrição da mesma historiadora. Segundo Lustosa, D. Pedro era:
matinal, dinâmico, sóbrio (quase não bebia, apenas um copo de vinho do Porto nas refeições, acompanhado de muito copos de água), ocupara integralmente o seu tempo. Levantava-se da cama entre cinco e seis horas da manhã, e “por já estar acordado, não se mostrava disposto a deixar os outros continuarem dormindo”, começando a disparar sua espingarda de caça pelo palácio até que a família inteira estivesse de pé.

D. Pedro, porém, sofria da mesma moléstia que acometeu personalidades como os escritores F. Dostoiévski e Machado de Assis: a epilepsia. Os seus ataques epilépticos passaram a ocorrer desde pelo menos 1811. Como narra também Isabel Lustosa:

Já em 1811, no Rio de Janeiro, com a idade de treze anos, há notícias de ataques de convulsão sofridos por d. Pedro. Cinco anos depois, o marquês de Valada escrevia ao marquês de Aguiar dizendo: “O nosso adorado príncipe tinha sofrido em um dia três ataques sucessivos de acidentes, padecendo pela primeira vez a mesma enfermidade da Sereníssima Senhora Infanta d. Isabel Maria”. Por ocasião das solenidades pelo aniversário de d. João VI, em 13 de maio de 1816, na revista às tropas, todo o público presenciou o ataque epiléptico sofrido pelo príncipe.

Nos relatos das guerras do Brasil na faixa dos seus 23 anos e em Portugal já mais velho, o Imperador era visto rotineiramente arrumando canhões, consertando embarcações e ensinando soldados no manejo das armas . Foi, nas palavras de Calmon : " Um soldado-rei" .

Em certa ocasião, às vésperas da independência, um conselheiro de Estado lhe disse que boa parcela de brasileiros só o apoiavam, pois intencionavam, depois da independência, proclamarem uma república, ao que ele redarguiu :

"E daí ? ! ", retrucou D.Pedro com vivacidade. "Acham pouco a honra de ser presidente de semelhante república? " .

COSTA, Sérgio Corrêa. As quatro coroas de D.Pedro I. Rio de Janeiro: A Casa do Livro , 1972.

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